Previsão de chuvas para S. Nicolau causa temores
Por : Fernando Santos
Longe vão os tempos em que sinais ou previsões dando conta de chuvas no Concelho de Ribeira Brava, e um pouco por toda ilha de S. Nicolau eram acolhidos com muita alegria, e quando concretizados, com tchuba na tchon (assim como cantou o poeta) motivos para uma grande alegria, algazarra, festas, com o povo saindo à rua desfilando lembrando um autentico Carnaval de verão, onde à moda do bom «Patché Parloa» nunca faltava o Groguinho puro (cana cana) para tirar a frieza do corpo e já agora porque não também como forma de comemorar e renovar as esperanças num bom ano agrícola, que a concretizar seria motivo suficiente para marcação de alguns baptizados e/ou até casamentos. Rezam os contos que nos anos subsequentes aos de boas asaguas, eram sempre frutíferos em «bodas».
Mas, este ano está ainda vivo na memória de todos, o caos vivido no ano de 2009 pelo menos durante 3 ocasiões: 13 e 14 de Setembro, 18 e 19 de Setembro tendo neste último dia as enxurradas na localidade de Covoada, ceifado a vida a 3 pessoas de uma mesma família, mãe e dois filhos menores, e por último, a de 20 de Outubro, que provocaram estragos enormes, alguns dos quais impossíveis de serem reparados como no caso concreto da perda das vidas humanas.
Nesta altura a palavra «chuva» provoca reacções diversas nas pessoas, brilho nos olhos de aqueles que tem na actividade agrícola a única forma de extrair o pão de cada dia e que acreditam ser esta uma das alternativas para o desenvolvimento da ilha. Medo no rosto de aqueles que sentiram na pele os efeitos das cheias acima referidas ou então viram os vizinhos, conhecidos e/ou amigos que passaram por momentos difíceis. Indiferença dos que tanto faz!
Marcas visíveis estão patentes em algumas moradias, estradas, locais onde antigamente eram campos de produção agrícola que ficaram totalmente destruídos (Vale de Ribeira Brava, Covoada e Ribeira Prata no Concelho de Tarrafal), mas com certeza que as marcas mais profundas permanecerão na memória daqueles que viram o filme e tão cedo não o esquecerão.
Ainda sobre o fenómeno natural que no ano passado fez estragos avultados na ilha de S. Nicolau não faltaram vozes de meteorologistas defendendo a necessidade de um estudo sobre o mesmo, assim como outros defendendo que fenómenos naturais do género têm muito poucas probabilidades de se repetirem no mesmo local em tão pouco tempo, isto para o consolo dos mais alarmados.
Estamo-nos a referir a uma ilha onde ainda os serviços de Protecção Civil não se encontram implantados, não existe um corpo de Bombeiros, (excepção a 2 elementos da Empresa Aeroportuária ASA).
Resta à população o consolo de saber que nesta altura e durante todo o período das chuvas ficará sediado localmente um contingente militar composto por 25 homens, cuja missão principal será a prevenção, e caso necessário, actuarem como Protecção Civil, mas a maior Protecção terá que ser a Divina. Já diziam os mais velhos que caem as chuvas mas… «Temperadamente», e ainda que a «Santa Barbara agarre o seu cordão»!